domingo, 5 de julho de 2009

~Há certas horas...

Há certas horas
Que é preciso nada dizer
Nem escrever
Apenas silenciar.
Há certas horas
Que o tempo recua
Sem sol
Sem lua
Apenas é preciso recordar.

Há certas horas
Que é preciso morrer um pouco
Ao entardecer
E renascer
Num grito rouco
Na luz dum farol.

Há certas horas
Que a incomensurável distância
existe
e persiste
inexorável
apenas entre a imagem projectada
e o movimento da sombra recortada.
Há certas horas
Que sopram ventos distantes
Brandos, leves
Como se fora o respirar dos instantes
em sonho de infância
silenciados
apenas por serem breves.

Há certas horas
Que nos faltam todos os verbos
Nos versos
Dispersos
Sem traços de união
E os sinais vão ficando caídos no chão,
Amarrotados
Há certas horas
Que as palavras se colam
Ao silêncio das heras,
E apenas ressoam no eco dos verbos que rolam
na margem do rio das esperas.

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